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Jéssica Sanz fala sobre sua carreira e relação com as fanfictions


Autora de Maya Fujita: A Guerra do Tempo, Maya Fujita: A Joia de Octeto e Meio-fio, sendo esse último livro escrito em parceria com seu pai Antonio Sanz, Jéssica Sanz é uma escritora fluminense que tem forte relação com o universo fanfiction.

Nascida em Itaperuna e moradora de Campos dos Goytacazes, Jéssica tem apenas 19 anos e é estudante de Letras, curso que contribui bastante para sua escrita.


Com muita simpatia, Jéssica respondeu as seguintes perguntas:


O que são as fanfictions para você?

Jéssica: As fanfictions são histórias publicadas na internet através de sites próprios ou blogs, geralmente sendo o primeiro acesso entre escritores e seu público. Originalmente, são histórias com base existente (filmes, livros etc), mas hoje em dia a publicação de originais é ampla.


Como você começou a escrever? O que a motivou?

Jéssica: Eu sempre gostei de ler e de escrever. Desde o começo da escola, a leitura e a produção textual sempre foram as partes mais legais. Qualquer coisa me inspirava e ainda me inspira uma história. Creio que esse gosto pela escrita não existiria sem as leituras (grandes ou pequenas), que me deixassem encantada e com vontade de fazer isso também.


Qual sua relação com as fanfictions?

Jéssica: Eu conheci o site Nyah! através de um amigo, quando eu já tinha muitas histórias arquivadas sem intenção de publicar. Coloquei muitas delas no site, mas deixei a que considerava melhor para a publicação física. Fui motivada também por desafios do site a escrever e fiz novas histórias, sempre originais. Hoje em dia, escrevo geralmente fanfics de BTS, que é um boygroup de k-pop.


Como você vê as fanfictions no atual mercado literário?

Jéssica: Existem vários pontos. Primeiro, como é muito difícil e caro publicar um livro físico, a fanfic é uma forma de acessibilizar a publicação e a leitura. Escritores iniciantes podem publicar desde cedo suas histórias e conquistar dicas e público. Segundo, como os sites de fanfic funcionam como uma rede social, cria-se uma grande interação entre escritores e leitores. Dessa forma, desconstrói-se a hierarquia literária: o autor deixa de ser a criatura majestosa e inalcançável e o leitor deixa de ser a criatura passiva. Tal interação gera desde dicas de melhoria na escrita até grandes amizades. Um terceiro ponto é a movimentação que o mercado literário sofre indiretamente. Quem não tem dinheiro para comprar um Harry Potter lê fanfics de Harry Potter. Ao mesmo tempo, um leitor pode conhecer Harry Potter através de uma fanfic e se interessar em comprá-lo e, claro, editoras espertas caçam escritores de sucesso em sites e os levam para o mercado editorial.

O que você acha de livros derivados do mundo das fanfictions?

Jéssica: Eu acho que são livros como quaisquer outros. Nós chamamos de obra "original", mas não existe nada original. Tudo foi inspirado em alguma coisa. A simples cena de um beijo é certamente inspirada em várias cenas de beijo que o autor possa ter presenciado pessoalmente ou ficcionalmente. A diferença é que uma fanfic se inspira mais claramente em obras existentes. Falando de forma mais ampla, agora incluindo também as "originais", os livros que um dia foram publicados em sites de fanfic significam um tipo de avanço para o escritor, que deixa de publicar apenas na internet. A grande maioria não consegue isso. De qualquer modo, esses livros passaram por um estágio a mais, e já passaram por uma parte significativa de público.


Sua maior realização como autora?

Jéssica: Muitos pensam que publicar o livro é uma coisa grandiosa. Na verdade, levar o livro a público que o é. Ir a feiras, apresentar a obra e estar com os fãs é simplesmente fantástico. Quem gosta de literatura sempre se encanta com as feiras e estar nos seus bastidores, ver como tudo acontece, também é mágico.


Um recado às pessoas que sonham em se tornarem escritoras.

Jéssica: Às vezes, eu penso que a minha publicação com 18 anos foi um tanto precipitada. Eu poderia ter desfrutado muito mais das fanfictions, como faço hoje com mais força do que antes de publicar. Eu poderia ter escrito mais, praticado mais, publicado mais e conhecido muito mais gente, e talvez assim as coisas fossem mais fáceis. Então, o conselho que dou a qualquer futuro escritor é começar pelas fanfictions e aproveitar esse primeiro estágio sem compromisso, sem gastos e sem perturbações, porque o mundo editorial é muito mais cruel do que aparenta ser. Uma boa metáfora é vermos a relação "fanfiction/editorial" como "infância/idade adulta". O primeiro é o mundo onde tudo é bonito e despretensioso, onde não há obrigações (a não ser que você mesmo queira se obrigar), onde faz-se o que faz-se pela diversão, porque é bom. O segundo é o mundo que os primeiros desejam, porque é cheio de magnitude e amplitude, é um sonho onde todos são reis, é o cenário do sucesso e da fama, da independência... Mas, na verdade, tanta coisa boa precisa de muito trabalho e sacrifício. Então, meus queridos, aproveitem a infância e amadureçam no tempo certo.


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