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Janaína de Azevedo Corenza, a professora do IFRJ que deixa sua marca na Educação durante o mês da Co

Olá amores! Como parte da série de atividades especiais para a I Semana da Consciência Negra Brisa Literária, nós tivemos o prazer de realizar uma entrevista incrível com Janaína de Azevedo Corenza, mulher negra e professora do IFRJ que irá lançar seu primeiro livro "Formação Inicial de Professores - Conversas sobre relações raciais e educação" no próximo dia 27 às 14h30 durante o II Seminário de Filosofia Africana e Afro-diaspórica no Campus Nilópolis. Confiram!

Sobre a autora

Janaína de Azevedo Corenza é doutora em Educação pela PUC-Rio, mestre em Educação pela UniRio e licenciada em Pedagogia pela UFF. Foi professora da educação básica por quase 20 anos na rede municipal e estadual do Rio de Janeiro. Atualmente, é professora do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro e leciona nos cursos de licenciatura e na Especialização em Educação de Jovens e Adultos. Dedica-se a estudos sobre relações raciais e educação, entrelaçando a temática com a formação de professores.


Primeiramente, muito obrigada por estar aqui Prof.ª Janaína, é um prazer tê-la conosco. Para começar, conte-nos um pouco sobre por que você escreve. O que foi determinante para que você se tornasse uma escritora?


"Eu escrevo por que acredito na importância de tornar meu conhecimento público. Se eu pesquiso e guardo para mim, vejo que torna-se sem sentido a busca, a leitura e os relatos que pude colher durante meu estudo. Foi determinante pra mim me tornar uma escritora o fato de poder compartilhar e trocar ideias sobre o que estudo, acredito e me torna feliz."


Você se lembra do momento em que decidiu se dedicar à vida acadêmica?


"Claramente não. Eu fiz o curso de formação de professores e em seguida fui aprovada em concurso público para ser professora das séries iniciais do ensino fundamental. Não pensava em fazer faculdade pois não tive essa orientação da família e nem da escola que cursei o ensino médio. Eu precisava trabalhar. Na escola estadual onde vivi minha primeira experiência como professora identifiquei que várias colegas professoras faziam graduação e aquela realidade me despertou interesse. Aos poucos fui descobrindo este mundo e ingressei em um curso pré-vestibular. Confesso que não sabia bem o que seria fazer uma faculdade, mas sabia que era para dar continuidade aos estudos, então fui aprendendo mais sobre esse universo no curso pré-vestibular que fiz aos sábados na UFRJ, no centro do Rio de Janeiro. No primeiro vestibular tentei para o curso de Administração por que várias pessoas me desmotivaram a continuar na carreira do magistério. Não consegui aprovação e no ano seguinte fiz para Pedagogia e fui aprovada para UNIRIO, UERJ, UFRJ e UFF. Optei pela UFF pelo currículo. Na Universidade aprendi que era possível estudar ainda mais, dando continuidade nos cursos de pós-graduação. E depois disso não parei mais de estudar!"


E como você enxerga as relações raciais no meio acadêmico? Você sente que falta representatividade e abordagens mais efetivas para transmitir a história do povo negro como um todo?


"As relações raciais no meio acadêmico hoje são mais debatidas. Quando entrei na Universidade não lembro de eventos, debates, mesas redondas ou até mesmo falas de professores sobre o tema. Aliás só tive uma professora negra e me causou estranhamento. Eu debato sobre relações raciais a cerca de 10 anos apenas e antes disso não me via despertada para o assunto. A invisibilidade do tema na formação também pode ter contribuído para eu estudar sobre relações raciais muito mais tarde. Atualmente falamos mais sobre o tema, mas algumas abordagens ainda são tímidas. Por exemplo os currículos dos cursos de formação inicial ainda são eurocêntricos e para que isso mude precisamos avançar nos estudos e nos acessos as leituras de pesquisas de pesquisadores negros e negras. Enquanto ainda tivermos indicações de bibliografias eurocêntricas, pouco debateremos outras histórias com nossos estudantes em formação, sobretudo as histórias e conhecimentos do povo negro."


O lançamento do seu livro está chegando! Como você se sente vendo concretizado o fruto de uma pesquisa tão extensa e ainda por cima no mês da consciência negra?


"Estou muito feliz. Tudo aconteceu no tempo certo. Este ano a Lei 10639/2003 completa 15 anos e este é um marco. Embora ainda precisemos avançar muito na alteração dos currículos da educação básica, não posso negar que as escolas hoje debatem o tema e possibilitam que crianças e jovens coloquem suas posições em visibilidade. Meu livro busca contribuir com a formação inicial de professores, refletindo sobre a implementação da lei e por tal razão vejo que a leitura possibilitará um repensar a oferta de mais disciplinas, mais encontros para debate, mais eventos, mais trocas de experiências dentro dos cursos de formação inicial para que, ao se formarem, estes estudantes possam ter instrumentos de luta contra o racismo na escola, abrindo espaços em seus planejamentos para outras histórias e saberes até então negligenciados."


Qual é a principal ideia que o leitor terá ao acabar de ler o livro?


"Penso que o leitor entenderá que uma disciplina sobre relações raciais é importante para que o futuro professor reflita sobre o tema, mas que junto a ela outras ações devem estar previstas no Projeto Pedagógico do Curso. O tema deve ser transversal e o curso precisa dar oportunidade aos estudantes de debaterem relações raciais em eventos, mesas redondas, palestras, feiras, atividades diversas. Lembrando que a questão do racismo não se limita a escola, mas sim a um debate na/da sociedade, logo, os espaços e as experiências que os estudantes em formação vivem e participam também deve ter espaço para trocas dentro do curso."


Quem são seus escritores favoritos? Você poderia recomendar três livros aos seus leitores, destacando o que mais gosta em cada um deles?


"Especificamente sobre relações raciais cito Kabenguele Munanga e Nilma Lino Gomes. Ambos têm suas escritas críticas e possibilitam a reflexão sobre o tema. Esta indicação é para quem pensa em estudar sobre relações raciais e educação. Diversos trabalhos destes autores me motivaram a escrever pois defendem que a luta deve ser contínua e que o papel da educação é primordial na reeducação sobre nossa formação enquanto povo e enquanto sociedade.

Escolho três livros que ajudam a pensar na importância de lermos autores negros e seus saberes: “O que é lugar de fala?” de Djamila Ribeiro. O livro traz a tona a importância de pensarmos em outras vozes, saindo da centralidade da branquitude, da masculinidade e da heterossexualidade, impostas à sociedade de forma geral. Reforça que nós negros e negras temos o que dizer e precisamos tomar este lugar. Indico também um romance, o livro “Americanah” de Chimamanda Ngozi Adiche, que traz seu relato de vida e coloca questões de imigração, preconceito racial e desigualdade de gênero em sua escrita. Vale a leitura. Por fim, “O mundo negro” de Amilcar Pereira traz reflexões sobre o Movimento Negro, movimento este que devemos conhecer e fortalecer pois sua luta permite hoje estarmos aqui debatendo o tema e mantendo a força para que nossa realidade se transforme. Falar em relações raciais e não conhecer minimamente a luta do Movimento Negro é não compreender as questões políticas e as demandas urgentes no povo negro."


Que conselho você daria a um jovem escritor?


"Que tenha consciência que ao escrever podemos dialogar com muitos, com uma diversidade de pessoas, pensamentos e críticos. Escrever nos permite deixar registrado o que pensamos e podemos compartilhar saberes que deixam de ser únicos quando uma pessoa lê e constrói outros saberes. Isso é muito interessante!"


Prof.ª Janaína nós do Brisa gostaríamos mais uma vez de agradecer sua participação na nossa I Semana da Consciência Negra Brisa Literária e desejar todo sucesso do mundo para o lançamento do seu livro. Para encerrar, deixe um recado para os nossos leitores!


"Meu desejo que tenhamos mais escritoras negras. Ressalto escritoras por que nem sempre as meninas são incentivas a escrever. Ainda temos uma sociedade que culturalmente escreve pouco. A escola em si, escreve muito pouco. Gostaria de inspirar meninas a escreverem sobre o que as instiga no mundo. Sendo meninas negras suas histórias podem incentivar outras e assim por diante. Imagine uma rede de meninas negras escritoras compartilhando seus saberes? Imagina estes livros chegando nas escolas e outras meninas vendo na orelha do livro a foto de uma escritora negra? A imagem reflete uma mensagem: você também pode!"


É isto amores! Não deixem de prestigiar a nossa querida Prof.ª Janaína no próximo dia 27 de novembro, às 14h30 no lançamento do livro "Formação Inicial de Professores - Conversas sobre relações raciais e educação" e às 17h numa sessão de autógrafos extra no hall do auditório!


Local: Auditório do IFRJ - Campus Nilópolis

Rua Coronel Delio Menezes Porto, 1045 Centro , Nilópolis - RJ

Horários: Lançamento às 14h30 e Sessão extra de autógrafos às 17h


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